Conhecidas pela sigla D&I, o duo Diversidade e Inclusão não pode mais ser ignorado dentro das empresas. E isso inclui até mesmo as pequenas e micro empresas, pois o mercado valoriza quem se compromete com esse tipo de estratégia.
De acordo com Mara Turolla, Gerente de Learning & Development e D&I na consultoria LHH Brasil, estamos diante de uma “virada de chave” na qual não só o mercado de trabalho, mas toda a sociedade está mudando e muito mais atenta a essas questões, historicamente complexas.
“É notória a maior preocupação com a equidade de gêneros, raça e etnia, inclusão das pessoas com deficiência (PcDs) por parte dos cidadãos, consumidores, colaboradores das empresas, fornecedores e investidores”, afirma, apontando os dois primeiros tópicos como os que lideram a preocupação/procura das empresas.
A imagem da empresa diante da sociedade
A equidade de gênero é uma das ODS (Objetivo de Desenvolvimento Sustentável) dentro do Pacto Global da ONU e, segundo estudo da própria consultoria, em 2018, essa igualdade entre homens e mulheres agrega em média 21% no lucro e afeta a imagem da empresa junto aos clientes e a sociedade.
Mara destaca que as companhias que aumentaram a presença de mulheres em até 30% nos cargos de liderança tiveram aumento de 15% na rentabilidade.
“Estamos falando de geração de valor, seja para a marca, para empresa, para sua cadeia produtiva”, detalha Mara.
Em um país com uma população composta por 50% de mulheres e 56% de negros não se justifica tamanha desigualdade no ambiente corporativo e isso vem chamando a atenção das organizações.
“Com a necessidade premente de inovação e transformação, um time diverso e legitimamente participativo faz toda a diferença”, diz ela.
A discussão precisa ser feita de maneira permanente
A diversidade e a inclusão precisam ser discutidas de forma permanente até que se torne algo natural na sociedade e, obviamente dentro do mercado de trabalho. Ela lembra que em cada empresa é explícita a dificuldade dos líderes em lidar com esses temas e, muitas vezes, dos próprios colaboradores entenderem o contexto atual.
“É compreensível a dificuldade de alguns, pois estamos falando de uma questão cultural e milenar e as questões trazidas pelos diversos pilares de diversidade ainda precisam de muito entendimento, trabalho e atenção”, afirma a especialista.
O fato é que as empresas que investem na diversidade e inclusão entregam mais valor aos acionistas e se tornam mais atrativas tanto para os investidores quanto para colaboradores que almejam fazer parte de uma corporação com esse perfil.
“Estudos comprovam que equipes diversas e inclusivas geram 6% mais receita, 15% mais conquista de clientes e criam uma participação no mercado significativamente maior” relata Mara. “Essa agenda deve estar sempre no radar das empresas que, diante de dificuldades diversas, não devem retroagir. Mas, no geral, a notícia boa é que estamos avançando.”
A especialista indica algumas iniciativas que podem ajudar na elaboração da estratégia e planejamento de ações de D&I:
• Faça um bom diagnóstico inicial
“Entenda o seu momento, de onde vem a demanda para implantação do tema e mapeie seus Sponsors. Considere a visão e o planejamento estratégico da empresa e como D&I está ancorado nela. Considere a realização de um Censo de Diversidade.”
• Faça a sensibilização da alta gestão
Isso inclui liderança, seu público-alvo e seu público geral para D&I. “Trabalhar vieses inconscientes pode ser um bom começo. Avalie a necessidade de transformação em sua cultura organizacional”, diz ela.
• Estimule grupos de afinidades
Busque aliados para os pilares escolhidos como foco.
• Reveja suas políticas e processos de RH
Crie um sistema que dará sustentação às mudanças desejadas. Equidade de Gênero e Racial tem sido os pilares mais investidos no Brasil por questões sociais e históricas. Podem ser um bom começo.
• Mensure resultados
Comunique sempre os resultados alcançados reconhecendo pessoas e áreas de destaque. Analise, critique e repense sempre. Tudo está mudando muito rápido.
Fonte: Terra (Dinheiro em Dia) – 04/12/22