Temas como agenda regulatória, ESG, desenvolvimento continuado e ética profissional foram os destaques nas apresentações dos palestrantes convidados.

Foi aberta oficialmente na manhã desta terça-feira (27/06) a 13ª Conferência Brasileira de Contabilidade e Auditoria Independente, realizada pelo Ibracon- Instituto de Auditoria Independente do Brasil. O evento está sendo realizado no formato híbrido, com transmissão ao vivo pela internet, diretamente do Teatro Claro, na capital paulista. Mais uma vez, os organizadores convidaram Juliana Rosa, jornalista e comentarista de Economia do Grupo Bandeirantes, para atuar como mestre de cerimônias e entrevistadora dos palestrantes, um grupo formado por profissionais conceituados e lideranças dos segmentos de contabilidade, Auditoria Independente e do mercado de capitais.

O pronunciamento inicial foi realizado pelo presidente do Ibracon Nacional, Valdir Coscodai, que destacou a recente exposição da profissão em reportagens da mídia nacional. “Por isso, principalmente neste momento, cabe exaltar o papel do auditor independente, que confere mais segurança e credibilidade ao mercado de capitais e à economia. Devemos difundir de modo sistemático e esclarecedor o quanto a profissão tem se desenvolvido e o quanto os auditores têm contribuído para evitar fraudes e erros em benefício do mercado e da sociedade. E nesse sentido temos feito um trabalho incansável no Ibracon”, destacou.

Na sequência, ele enumerou todas as múltiplas atividades do Instituto, em abrangentes iniciativas nacionais e internacionais para apoiar a constante evolução das normas contábeis e sua imediata disseminação. O presidente do Ibracon também mencionou as Bandeiras da Auditoria Independente, que expressam de maneira sintética todos os escopos de atuação do Ibracon, no objetivo de cumprir sua missão institucional. “Temos debatido a importância de ambientes efetivamente éticos nas empresas por meio de uma cultura organizacional robusta e condutas contra fraudes e contra corrupções. Afinal, auditoria de alta qualidade depende muito de um ecossistema saudável, além de uma estrutura regulatória e normativa focada na excelência. Nesse processo, fundamental para a formação de opinião pública correta, a informação deve ser transparente e pautar nosso posicionamento diante da sociedade. Cabe a cada um de nós, auditores, a incansável busca por qualificação e a disseminação de nosso papel e relevância em defesa do interesse público”, destacou, abordando o tema da ética, que seria foco de uma das palestras apresentadas na sequência.

Coscodai também chamou a atenção para o momento atual, de transformações tecnológicas, um cenário sobre o qual o Ibracon tem se empenhado em reforçar junto aos seus associados, ao lado da preocupação com as políticas de ESG. “A tecnologia e sua aplicação avançaram de maneira sem precedentes para atender as demandas atuais. Também aumentou de modo abrupto a percepção de que o planeta e a população estão pagando o amargo preço pela negligência ambiental e social. Nesse positivo choque de consciência, que ainda precisa ser assimilado de maneira mais ampla, ganharam ênfase os preceitos de governança ambiental, social e corporativa, a sigla ESG. Contadores e auditores independentes, como ocorreu em outras profissões, foram fortemente impactadas por essas mudanças culturais, tecnológicas e de responsabilidade social. Por isso, o Ibracon trabalha de maneira intensa no sentido de contribuir para o reposicionamento da profissão nessa nova conjuntura, a começar pelas respostas dadas à pesquisa que conduzimos no início de minha gestão, em 2021”, lembrou.

Não poderia ficar de fora a menção sobre a importância do desenvolvimento continuado. “Precisamos estar em constante aprendizado para esta profissão, tão demandante na entrega de serviços de alta qualidade, em meio a uma forte regulação. Além do aprendizado, o Instituto é bastante ativo no debate normativo. Participamos do desenvolvimento de normas, leis e regulamentos, apresentando sugestões relevantes de interesse público e interesse da profissão. É necessário estarmos muito atentos ao desenvolvimento, fator decisivo para uma profissão inserida em um ambiente orientado para alta performance”, declarou o presidente do Ibracon.

Finalizando, Coscodai mencionou os lançamentos da Cartilha de Diversidade e Inclusão e do no site do Ibracon, programados para acontecer durante a Conferência. “Nos meses de mandato que temos pela frente, manteremos o máximo empenho em todas as frentes de trabalho. Próximo do término dessa jornada, olhando para todas as pessoas com as quais interagi como presidente do Instituto, prevalece uma grande certeza: tudo vale a pena, se a alma não é pequena, como disse o grande poeta português Fernando Pessoa”, concluiu.

Agenda regulatória 2023

Na sequência, João Pedro Nascimento, presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), fez a apresentação do painel “Agenda regulatória 2023: tecnologia, inclusão e sustentabilidade”, destacando a importância de participar do que definiu como o principal evento da Contabilidade e da Auditoria Independente no país. “Fiz questão de atender o convite, que considero como uma ‘convocação’”, começou para, em seguida, iniciar sua apresentação (veja cobertura completa aqui no site).

Nascimento chamou a atenção para o fato de ser absolutamente importante reposicionar o Brasil dentro da agenda da sustentabilidade. “Vemos alguns países que exploraram toda a sua mata nativa dizendo o que o nosso país tem que fazer para preservar sua vegetação original. Por isso digo que o Brasil tem que assumir uma posição de protagonista nessas pautas e fornecer para o mundo não só conteúdo, o exemplo, mas também a valiosa inspiração que os profissionais de auditoria e da profissão contábil podem acrescentar”, ressaltou o presidente da CVM.

A palavra do CFC

Representando Joaquim Bezerra, vice-presidente de Desenvolvimento Operacional do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), Ana Tércia Lopes Rodrigues, vice-presidente Técnica do órgão, aproveitou sua apresentação para destacar a presença feminina na Contabilidade e na Auditoria Independente. “Sou uma grande entusiasta de uma das Bandeiras do Ibracon, que é a de Diversidade e Inclusão, em particular, no que se refere à equidade de gênero. Então vou me valer desse espaço para reforçar a voz feminina na abertura deste evento”. Ela também fez referência ao estreito relacionamento que o CFC mantém com o Instituto. “O Ibracon está sempre nos subsidiando técnica e institucionalmente. É fundamental a parceria entre o Ibracon e o Conselho Federal, e com o nosso presidente, Aécio Prado Dantas Junior, em várias questões políticas e institucionais de grande relevância para a classe contábil”, ressaltou.

Ana Tércia destacou também o relacionamento com a CVM. “Hoje, ocupando a vice-presidência Técnica, tenho a oportunidade de testemunhar na prática os resultados desses convênios e acordos de cooperação nos quais o Conselho e a CVM interagem de uma forma saudável, obedecendo e respeitando cada um, as suas limitações”, disse.

A palestrante mencionou ainda a necessidade de adotar uma postura firme para enfrentar os desafios que vêm pela frente. “Eu quero falar aqui de dois programas que atingem e afetam diretamente a função dos auditores, e que são geridos pelo CFC. Um deles está no âmbito da vice-presidência de Desenvolvimento Profissional, que é o Programa de Educação Continuada. Hoje, a gama de oferta de treinamentos e de capacitação é crescente e abrangente. Não estamos mais limitados aos conteúdos de cunho técnico, mas temos também entendido a importância da formação das pessoas, do desenvolvimento de talentos. O marketing, a comunicação são componentes que agregam muito valor ao segmento da auditoria”, declarou Ana Tércia.

O segundo programa mencionado por ela foi o conjunto de ações realizadas pelo Comitê de Revisão Externa, a chamada revisão dos pares. “Encerramos um ciclo em 2022, e agora estamos iniciando um novo ciclo de revisão com empresas já sorteadas para o primeiro ano. Continuamos empreendendo neste projeto que vem com muitos desafios de melhoria de qualidade, gestão baseada em riscos, enfim, todo um conjunto ao qual precisamos agregar componentes tecnológicos. Isso tem sido bastante desafiador, principalmente para os revisores, mas queremos dizer a todos vocês que estamos trabalhando incansavelmente para que esse programa siga sendo referência”, anunciou.

Assim como Coscodai, também Ana Tércia tocou no aspecto da ética profissional. “Este conceito deveria ser a essência do que nós fazemos ao longo da nossa trajetória. E o que é a ética? Essa palavrinha tão simples e ao mesmo tempo tão abrangente na visão dos filósofos. Para nós, a ética é praticada no dia a dia, é isso o que nos diferencia como profissionais. A ética não é um conceito pronto, mas algo que, a cada dia, precisamos renovar e fortalecer dentro de nós, posto que estamos contribuindo para que, por sua vez, a ética nas empresas se fortaleça”, concluiu.

A 13ª Conferência Brasileira de Contabilidade e Auditoria Independente se estende até dia 28.

Por Comunicação Ibracon